O Ãcãria Nagarjuna, como é amplamente sabido fundou a tradição
Madhyamika do budismo. Seu aparecimento foi profetizado em numerosos sutras,
entre os quais o Lankãvatãra, Mañjusrimulakalpa, Mahãmegha e Mahãbheri.
Quatrocentos anos após o nirvana do Buda Sãkyamuni, vivia no sul da
Índia, em uma região chamada Vidharbha (literalmente, "Terra das
Palmeiras"), um próspero brâmane que não tinha filhos. Em um sonho,
apareceu-lhe um sinal indicando que teria um filho desde que rendesse
homenagens a cem brâmanes. Ele assim o fez, rogando ardorosamente para que seu
desejo, guardando no fundo do coração, viesse a se realizar. Dez meses mais
tarde, nascia o menino.
Um adivinho, a quem o recém-nascido fora levado, dissera que a criança,
embora de fato portasse sinais de ser uma pessoa excepcional, viveria apenas
sete dias. Os pais, ansiosos, perguntaram se havia alguma coisa a fazer para
impedir esse destino. O adivinho respondeu que, se eles dessem de comer a cem
pessoas, o menino viveria sete dias, e que, se fizessem oferendas a cem
monges, viveria sete anos, e nada além disso poderia ser feito. Os pais
completaram a segunda das oferendas sugeridas. Ao se aproximar o final dos sete
anos, o menino foi enviado em viagem na companhia de vários criados, pois os
pais não se sentiam capazes de suportar a cena do cadáver do filho.
Durante a viagem, o menino teve uma visão do deus Khasarpana (uma das
manifestações do Ãcãrya Lokesvara). Logo depois, o grupo alcançou o grande
monastério de Nãlanda. Próximo à morada de um Brãmane chamado Sãraha, o menino
recitou vários versos. O brãmane, ao ouvir as estrofes, convidou o grupo a
entrar e perguntou sobre a viagem e como haviam chegado até Nãlanda. Um dos
criados narrou a histeria do menino e falou de sua morte iminente. Ao que
Sãraha respondeu que, se o menino abandonasse a vida mundana e fizesse voto de
renúncia, poderia evitar a catástrofe.
O menino seguiu o conselho e foi iniciado primeiramente no "Mandala
de Amitãbha que Conquista o Senhor da Morte", Em seguida, foi instruído a
recitar mantras dhãrani. Na véspera de seu sétimo aniversário, recitou mantras
especiais durante a noite toda e, assim, superou o encontro com o Senhor da
Morte.
Ao completar oito anos, o menino tomou o voto de renúncia e iniciou seus
estudos sobre as ciências tradicionais. Estudou, igualmente, os textos das
escrituras de cada uma das principais escolas de pensamentos dos tantras
adequados junto com todas as respectivas instruções orais. A seguir, depois de
apresentar uma solicitação formal ao abade do mosteiro, recebeu a ordenação
plena de monge, e passou a ser conhecido como Bhiksu Srimanta.
Por ser uma dessas pessoas por quem Mañjusri vela em todas suas vidas, o
monge teve oportunidade de escutar, na íntegra, o Dharma dos sutras e doas
tantras, diretamente do mestre bodhisattva Ratna Mati, manifestação de Mañjusri
em seu aspecto de "jovem divino". Assim, Srimanta tornou-se um mestre
consumado do Darma. Tempos mais tarde, uma grande escassez de alimentos
abateu-se sobre Nãlanda, deixando a sangha sem meios de subsistência. O abade
Sthavira Rãhula Bhadra nomeou o Bhiksu Srimanta despenseiro da sanha. Embora a
carestia perdurasse por doze anos, reduzindo muito a população da região de
Magadha, o bhiksu conseguiu sustentar a sangha valendo-se de seus conhecimentos
de ciência alquímica, da seguinte forma: o bhiksu preparou, inicialmente, duas
folhas de sândalo como encantamento para produzir o siddhi da ligeireza,
conhecida na sola do sapato, dirigiu-se à ilha distante onde habitava o brâmane,
e solicitou-lhe instruções sobre o "elixir que transformava metais comuns
em ouro".
O brâmane pensou consigo que o forasteiro devia portar algum
encantamento especial que lhe permitiria chegar à ilha. Ávido por obtê-lo,
disse ao bhiksu: "Conhecimento deve ser trocado por conhecimento, ou
então, ser remunerado em ouro". "Pois bem", respondeu o Bhiksu
Srimanta, "vamos trocar conhecimentos", e entregou ao brâmane o
encantamento que trouxera na mão. Acreditando que o viajante não mais poderia
deixar a ilha, o brâmane deu-lhe as instruções. Usando, então, a folha que
guardara na sola do sapato, o bhiksu retornou a Magadha, Assim, valendo-se do
elixir alquímico, conseguiu suprir amplamente todas as necessidades essenciais
da sangha de Nãlanda transmutando grandes quantidades de ferro em ouro.
Algum tempo depois, o Bhiksu Srimanta passou a ocupar o cargo de abade
de Nãlanda. Prestou grande tributo aos membros da sangha que observavam os três
treinamentos adequadamente, e expulsou todos os bhiksus e sramanas que eram
moralmente corruptos. Conta-se que baniu um total de oito mil monges.
Foi durante esse período, também, que um bhiksu chamado Samkara compôs
um texto intitulado O Ornamento do Conhecimento. Escrito em doze mil versos, a
argumentação por completo. Também refutou muitos outros escritos que negavam a
validade do Mahayana. Certa vez, em um local chamado Jatãsamghãta, suplantou
quinhentos intelectuais não-budistas em um debate, convertendo-os à religião
budista ao debelar suas visões errôneas.
Em uma ocasião, quando o Ãcãrya estava ensinando o Darma do Tripitaka a
muitos seguidores, dois jovens, que na verdade eram emanações de nãgas, vieram
ter com ele, à procura do Darma. Com a presença desses jovens, todo o ambiente
impregnava-se de perfume de sândalo. Quando partiam, o perfume desaparecia e
quando retornavam, voltava a aparecer. O Ãcãrya perguntou-lhes a razão disso e
os jovens responderam que eram filhos de Takseka, rei dos nãgas. Eles haviam-se
ungido com essência de sândalo, como imunização contra as impurezas humanas.
A Ãcãrya pediu então que lhe dessem um pouco de sândalo para uma imagem
de Tara, e que o assistissem na construção de templos. Os dois jovens
responderam que teriam que consultar o pai, partindo em seguida. regresaram
dois dias depois para dizer ao
Ãcãrya que só fariam o que ele
propusera se fosse pessoalmente até a Terra dos Nãgas. Ciente dos benefícios
que a sua ida resultaria para todos os seres, o
Ãcãrya viajou à terra dos Nãgas,
onde o Rei Taksaka e outros nãgas de mente nobre o presentearam com inúmeras
oferendas. O mahãtma pregou o Darma aos nãgas em resposta a suas solicitações,
causando-lhes tanta satisfação que lhe rogaram que permanecesse entre eles para
sempre. Sua resposta foi: "Como vim aqui com o propósito de obter o sutra
da Prajñã pãramitã em 100.000 versos, bem como a 'argila dos nãgas' necessária
à construção de templos e estupas, não posso permanecer agora. Talvez possa
retornar no futuro".
Depois de ter adquirido a versão expandida da Mãe dos Jinas, vários
textos mais curtos da Prajñã pãramitã, e grandes quantidades de argila dos
nãgas, o Ãcãrya preparou-se para
retornar ao nosso mundo, o mundo do Jambudvipa.
Conta-se que, para assegurar o regresso do Ãcãrya à sua terra, os nãgas
retiveram uma pequena parte final dos 100.000 versos. A parte faltante - os
dois últimos capítulos do sutra não condensado da Prajñã pãramitã - foi, então,
substituída pelos capítulos correspondentes do sutra da Prajñã pãramitã em
8.000 versos. Esta é a razão de os dois capítulos finais de ambos os sutras
serem idênticos.
Depois de obter tais sutras, o
Ãcãrya ampliou muito a influência da tradição Mahayana. Quando pregava o
Darma no parque do monastério, os nãgas executavam atos de reverência - seis
serpentes, por exemplo, formavam um guarda-sol para protegê-lo dos raios
solares. Tornando-se o Senhor dos Nãgas, o
Ãcãrya foi cognominado "O
Nãga". Devido a sua habilidade em difundir o Darma Mahayana, que se
assemelhava à velocidade de arremesso e à maestria do famoso arqueiro Arjuna,
ele também passou a ser conhecido como "O Arjuna". Outra versão,
ainda diz que era chamado "Nagarjuna" pois, ao praticar as sãdhanas
da deusa Kurukullã, adquiriu autoridade sobre nãgas como o Rei Taksaka e
outros.
Nagarjuna viajou mais tarde à região de Pundravardhana onde, por meio da
prática da alquimia, executou muitos atos de grande generosidade. Em especial,
conferiu grande quantidade de ouro a um casal idoso de brâmanes,
infundindo-lhes grande fé.
O velho brâmane passou a servir Nagarjuna e a ouvir o Darma junto a ele;
após sua morte, o brâmane renasceu como o mestre Bodhinãga.
Nagarjuna também construiu muitos teplos. Certa vez, quando se preparava
para transformar em ouro um grande rochedo em forma de sino, uma emanação de
Tãra, sob a forma de uma mulher idosa, lhe apareceu e disse: "Em vez de
fazer isto, você deveria ir à Montanha do Esplendor e praticar o Darma".
Tempos depois, ele de fato foi até esse local praticar as sãdhanas de Tãra.
Em outra ocasião, quando havia executado as sãdhanas que invocam a deusa
Candikã, a própria deusa alçou o Ãcãrya
ao céu, tentando transportá-lo aops reinos celestiais. "Não me exercitei
com o objetivo de viajar até os reinos celestiais, disse ele, "eu vos
invoquei a fim de obter ajuda para a sangha mahayana, enquanto perdurar o
ensinamento do Buda." Eles retornam, e a deusa estabelece-se a oeste de
Nãlanda, manifestando-se sob a forma de uma nobre da casta real. Nagarjuna
instruiu-a, dizendo: "Uma grande estaca de madeira de khadira, tão pesada
que um homem mal consegue levantá-la, foi introduzida na parede de um templo de
pedra dedicado a Mañjusri. “Até que essa
estaca se transforme em cinza, vós deveis prover a subsistência da sangha do
templo".
Por doze anos, a nobre senhora fez oferendas de produtos de todo gênero
à sangha. Durante esse período, o encarregado da despensa do monastério, um
sramanera de má índole, dirigia-lhe, continuamente, propostas indecorosas. A
senhora não lhe dava resposta, até que um dia disse: "Se a estaca de
khadira vier a se tornar cinza, nós poderemos nos unir". A sramanera ateou
então fogo à estaca e, quando ela se reduziu a cinzas, a deusa desapareceu.
Em outra ocasião, uma manada de elefantes estava ameaçando estragar a
árvore bodhi em Vajrãsana (atual Bodhgayã). Nagarjuna ergueu então duas colunas
de pedra atrás da árvore sagrada, que lhe serviram de proteção por muitos anos.
Quando os elefantes reapareceram, o
Ãcãrya construiu duas imagens de Mahãkçala, montadas em um leão e
brandindo uma clave. Isso também surtiu efeito, embora o perigo, mais tarde,
voltasse a surgir. Uma cerca de pedra foi então levantada em torno da árvore e,
do lado de fora do cercado, o Ãcãrya
construiu 108 estupas. Estas eram
enormes, cada uma encimada por uma estupa menor que continha relíquias dos
ossos do Buda.
O Ãcãrya, ademais, construiu
muitos templos e estupas nas seis principais cidades de Magadha - Srãvasta,
Sãketa, Campaka, Vãrãnasi, Rajãgrha e Vaisãli - e proporcionou subsistência a
muitos pregadores do Darma.
Acima de tudo, Nagarjuna sabia que praticamente ninguém compreendia o
verdadeiro significado da coletânea do sutra Prajñã pãramitã. Sabia também que,
sem compreendê-lo perfeitamente, não haveria como alcançar a libertação.
Proclamou, então, o Caminho do Meio,
qual afirma que sunyatã (o significado essencial da originação
dependente, segundo o qual todas as coisas são inteiramente vazias de uma
natureza que tenha existência própria) é totalmente coerente com os princípios
que expressam uma relação infalível entre carma bom ou ruim e suas consequências.
Em seu trabalho sobre lógica, uma coletânea em cinco partes, o Ãcãrya explicou com clareza o sentido último
da sabedoria do Buda. Esta coletânea compreende o tratado principal, a
Mulamadhyamika Kãrikã, e seus quatro braços: Yukti Sastikã, Sunyatã Saptati,
Vaidalya Sutra e Virgraha Vyãvarttani.
Depois desse período, o Ãcãrya Nagarjuna ficou por seis meses no monte
Usira, localizado ao norte. Fazia-se acompanhar de mil discípulos, que
sustentava com um tablete diário de um rasãyana mercurial que havia preparado.
Um dia, um dos discípulos, o Siddha Singkhi, levou respeitosamente o tablete à
frente, mas não o ingeriu. O Ãcãrya perguntou a razão disso, e o discípulo
respondeu: “Não tenho necessidade do tablete. Se lhe aprouver, Ãcãrya, faça
preparar uma porção de vasilhas cheias de água”. Assim, mil grandes recipientes
foram preenchidos com água e colocados ali, na floresta. O siddha acrescentou,
então, uma gota de urina a cada uma das vasilhas, o que transformou todo o
líquido em “elixir de ouro”. O Ãcãrya recolheu todas as vasilhas e as escondeu
em uma caverna remota e inacessível, recitando uma prece para que elas pudessem
beneficiar os seres dos tempos futuros.
Este Siddha Singkhi nem sempre se mostrara tão hábil. Quando encontrou o
Ãcãrya pela primeira vez, era tão obtuso que não conseguia aprender sequer um
único verso em um período de vários dias. A Ãcãrya, então, disse-lhe, em tom
jocoso, para meditar que um chifre crescia sobre sua cabeça. O discípulo assim
o fez, mantendo seu objeto de meditação tão firmemente que adquiriu sinais
visíveis e tangíveis de ter desenvolvido chifres. Dessa forma, foi-lhe
impossível sair da caverna em estivera meditando, pois os chifres prendiam-se
nas paredes. O siddha então recebeu instruções para meditar que os chifres não
mais existiam, com o que eles desapareceram.
Percebendo que as características mentais de seu discípulo haviam se
tornado agudamente desenvolvidas, o Ãcãrya
ensinou-lhe vários significados profundos dos mantras secretos. Nagarjuna, a
seguir, instruiu-o uma vez mais em meditação, e o discípulo, por fim, alcançou
o siddhi do Mahãmudrã.
A Ãcãrya viajou depois ao continente setentrional de Kurava. No caminho,
em uma cidade chamada Salamana,
encontrou várias crianças que brincavam na estrada. Nagarjuna leu a mão de uma
delas, um menino de nome Jetaka, e profetizou que se tornaria rei. Na viagem de
retorno, depois de concluir seu trabalho em Kurava, o Ãcãrya voltou a
encontrar-se com o jovem, que já se tornara rei. Por três anos, nagarjuna
permaneceu com o rei, que ofereceu ao Ãcãrya muitas jóias. Em reconhecimento,
ele compôs para o rei uma “jóia” do Darma, isto é, a Ratnãvali.
Foi então que viajou para o Sul, tal como lhe aconselhara a emanação de
Tãra, para praticar meditação na Montanha do Esplendor. Aí, Nagarjuna também
girou a Roda do Darma extensamente, tanto com relação aos sutras quanto aos
tantras. Foi nesta ocasião que compôs o Dharmadhãtu Stava.
De modo geral, os escritos do Ãcãrya são divididos em três coleções:
1. Coleção dos Discursos – incluindo obras como Ratnãvali, Suhrllekha,
Prajñã Sataka, Prajñã Danda e Janaposana Bindu;
2. Coleção dos Tributos – Dharmadhãtu Stava, Lokãtita Stava, Acintya
Stava e Paramãrtha Stava ; e
3. Coleção dos Escritos Sobre Lógica – a já citada Mulamãdhyamika Kãrikã
etc.
Além desses, Nagarjuna escreveu outros tratados importantes, explicando
os significados não só dos sutras, como dos tantras, realizando atividades como
se, de fato, o Buda houvesse voltado.
Diz-se que Nagarjuna fez três “grandes proclamações do Darma”. A
primeira foi sua preservação da disciplina vinaya em Nãlanda, como explicado
acima. Isso foi como o primeiro giro da Roda do Darma pelo Bhagavan. A segunda
foi sua clara exposição do Puro caminho do Meio, através da composição da
coleção de tratados sobre lógica e outros. Isso significou o segundo giro da
Roda empreendido pelo Bhagavan. A terceira grande proclamação consistiu das
atividades do Ãcãrya na Montanha do Esplendor, no Sul, onde compôs obras como o
Dharmadhãtu Stava, o que foi similar ao último giro da Roda do Darma pelo
Bhagavan.
Obras tão vastas, em prol do Darma e dos seres vivos despertaram grande
desprazer em Mãra e nas forças do mal. Ocorreu, então, que a esposa do Rei
Udãyibhadra teve um menino chamado Kumãra Saktiman. Anos mais tarde, a mãe deu
de presente ao filho uma vestimenta fina e rara. A criança disse-lhe: “Guarde
esta roupa. Vou usá-la quando chegar o tempo do meu reinado”. “Você nunca
governará”, retrucou a mãe, “pois o Ãcãrya é Nagarjuna fez com que seu pai e
ele tivessem uma mesma vida. Ele não morrerá, a menos que o Ãcãrya morra”. O
menino foi tomado de grande tristeza e sua mãe prosseguiu: “Não chore! O Ãcãrya
é um bodhisattva, e se você lhe pedir a cabeça, não recusará. Morrendo o Ãcãrya,
seu pai também morrerá, e o reino será seu”.
A criança seguiu a sugestão da mãe, e Nagarjuna, de fato, concordou em
dar-lhe a própria cabeça. Porém, por mais esforço que o menino fizesse, sua
espada não era capaz de cortar o pescoço de Nagarjuna. O Ãcãrya disse ao
menino: “Tempos atrás, enquanto cortava grama, ocorreu que matei um inseto. A
força desse mau ato ainda permanece comigo. Assim, você poderá decepar minha
cabeça servindo-se de uma lâmina de erva kusa”. O menino assim fez, e
conseguiu, finalmente, cortar a cabeça, de Nagarjuna. O sangue que jorrou do
ferimento transformou-se em leite, e as seguintes palavras brotaram da cabeça
decepada: “Daqui parto para o céu Sukhãvati. No futuro, voltarei a entrar neste
corpo”.
O príncipe malvado lançou a cabeça a uma distância de várias léguas,
temendo que voltasse a se unir ao corpo. Entretanto, como o Ãcãrya havia
dominado a prática de rasãyana, sua cabeça e seu corpo ficaram rígidos como
pedra. Diz-se que, a cada ano, ambos estão se aproximando mais e mais e que, afinal, um dia se juntarão.
Nagarjuna executará então,
novamente, grandes obras em benefício do Ensinamento e de todos os seres.
A Ãcãrya Nagarjuna viveu, ao todo, seiscentos anos, assim está escrito
no Mañjusrimulakalpa:
"Depois que eu, o Tathagata, houver passado,E quatrocentos anos houverem transcorrido,Um bhiksu, “O Nãga”, aparecerá,Para grande fé e benefício do Ensinamento.Ele alcançará o estágio da Grande FelicidadeE por seiscentos anos permanecerá vivo".
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