quinta-feira, 1 de setembro de 2016

A Filosofia Através dos Textos - Parmênides - (Aprox. 470 A.C.)

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Parmênides - (Aprox. 470 A.C.)



Vida e Obras 
Nasceu Parmênides na cidade de Eléia, na colônia grega chamada Magna Grécia (hoje sul da Itália), em data incerta. Entre 500 e 470 A.C. É colocado, aproximadamente, o apogeu da sua vida.
É tido como discípulo de Xenófanes, o mais antigo dos eleatas. Entretanto, considera-se Parmênides como o verdadeiro fundador da Escola Eleática.
Foi, sem dúvida, influenciado pelos pitagóricos.
Platão o venera como "o grande".
Foi o primeiro a defender por escrito a descoberta da forma esférica da Terra.
Do seu poema Sobre a Natureza, subsistem bastantes fragmentos. Nele se oferece a doutrina mais profunda de todo o pensamento pré-socrático.
Foram seus discípulos mais famosos Zenão de Eléia e Meliso de Samos. 

Pensamento  
Para Parmênides, o ser existe e o não-ser não existe. O ser tem de ser sempre, e não pode ter começo. O ser é uno e imutável. Negação de devir e de todo movimento real.
Tudo o que dizemos das coisas são nomes e opiniões.
O ser é mesmo que o conhecer.
Em tudo isso opõe-se a Heráclito, cujo pensamento cita, mantendo no entanto o dualismo do entendimento e dos sentidos.
Sua concepção metafísica centraliza-se na unidade rígida do ser. Incide assim no panteísmo.
Sua doutrina, recolhida nos fragmentos, não é de fácil interpretação. Originou, na sua época, vivas polemicas. 

Textos 
2 - E agora vou falar; e tu, escuta as minhas palavras e guarda-as bem, pois vou dizer-te dois únicos caminhos de investigação concebíveis. O primeiro (diz) que (o ser) é e o não-ser não é; este é o caminho da convicção, pois conduz à verdade. O segundo, que não é, é, e que não-ser é necessário; esta via, digo-te, é imperscrutável; pois não podes conhecer aquilo que não é - isto é impossível -, nem expressá-lo em palavra. 
3 - Pois pensar e ser é o mesmo. 
4 - Contempla como, pelo espírito, o ausente, com certeza, se torna presente; pois ele não separará o ser de sua conexão ao ser, nem para desmembrar-se em uma dispersão universal e total segundo a sua ordem, nem para reunir-se. 
5 - Necessário é dizer e pensar que só o ser é; pois o ser é e o nada, ao contrário, nada é; afirmação que bem deves considerar. Desta via de investigação, eu te afasto; mas também daquela outra, na qual vagueiam os mortais que nada sabem, cabeças duplas. Pois é a ausência de meios que move, em seu peito, o seu espírito errante. Deixam-se levar, surdos e cegos, mentes obtusas, massa indecisa, para o qual o ser e o não-ser é considerado o mesmo e não o mesmo, e para a qual em tudo há uma via contraditória. 
7 - Jamais se conseguirá provar que o não-ser é; afasta, portanto, o teu pensamento desta via de investigação, e nem te deixes arrastar a ela pela múltipla experiência do hábito, nem governar pelo olho sem visão, pelo ouvido ensurdecedor ou pela língua; mas com a razão decide da muito controvertida tese, que te revelou minha palavra.  
8 - Resta-nos assim um único caminho: o ser é. Neste caminho há um grande número de indícios: não sendo gerado, é também imperecível; possui, com efeito, uma estrutura inteira, inabalável e sem meta; jamais foi nem será, pois é, no instante presente, todo inteiro, uno, contínuo. Que geração se lhe poderia encontrar? Como, donde cresceria? Não te permitirei dizer nem pensar o seu crescer do não-ser. Se viesse do nada, qual necessidade teria provocado seu surgimento mais cedo ou mais tarde?
Assim pois é necessário ser absolutamente ou não ser. E jamais a força da convicção concederá que do não-ser possa surgir outra coisa. Por isto, a deusa da justiça não admite, por um afrouxamento de suas cadeias, que nasça, ou que pereça, mas mantem-no firme.  A decisão sobre este ponto recai sobre a seguinte afirmativa: ou é ou não é. Decidida esta, portanto, a necessidade de abandonar o primeiro caminho, impensável e inominável (não é o caminho da verdade); o outro, ao contrário, é presença e verdade. Como poderia perecer o que é? Como poderia ser gerado? pois se gerado, não é, e também não é, se devera existir algum dia. Assim, o gerar se apaga e o perecimento se esquece.  
Também não é divisível, pois é completamente idêntico. E não poderia ser acrescido, o que impediria a sua coesão, nem diminuído; muito mais é pleno de ser; por isto, é todo contínuo, porque o ser é contíguo ao ser.
Por outro lado, imóvel nos limites dos seus poderosos liames, é sem começo e sem fim; pois geração e destruição foram afastadas para longe, repudiadas pela verdadeira convicção. Permanecendo idêntico e em um mesmo estado, descansa em si próprio, sempre imutavelmente fixo e no mesmo lugar; pois a poderosa necessidade o mantém nos liames de seus limites, que o cercam por todos os lados, porque o ser deve ter um limite; com efeito, nada lhe falta; fosse sem limite, faltar-lhe-ia tudo.
O mesmo é pensar e o pensamento de que o ser é, pois jamais encontrarás o pensamento sem o ser, no qual é expressado. nada é e nada poderá ser fora do ser, pois Moira o encadeou de tal modo que seja completo e imóvel. Em consequência, será (apenas) nome tudo o que os mortais designaram, persuadidos de que fosse verdade: geração e morte, ser e não-ser, mudança de lugar e modificações do brilho das cores.
Porque dotado de um limite, é completo em todos os lados, comparável à massa de uma esfera bem redonda, equilibrada desde seu centro em todas as direções; não poderia ser maior ou menor aqui ou ali. Pois nada poderia impedi-lo de ser homogêneo, nem aquilo que é não é tal que possa ter aqui mais ser do que lá, porque é completamente íntegro; igual a si mesmo em todas as suas partes, encontra-se de maneira idêntica em seus limites.
Com isso ponho fim ao discurso digno de fé que te dirijo e às minhas reflexões sobre a verdade; e a partir deste ponto aprende a conhecer as opiniões dos mortais, escutando a ordem enganadora de minhas palavras.
Eles convieram em nomear duas formas, uma das quais não deveria se-lo - neste ponto enganaram-se; separaram, opondo-as, as formas, atribuindo-lhes sinais que as divorciam umas das outras; de um lado, o fogo etéreo da chama,suave e muito leve, idêntico a si mesmo em todas as partes, mas não idêntico ao outro; e de outro lado, esta outra que tomaram em si mesma, a noite obscura, pesada e espessa estrutura. Participo-te toda esta ordem aparente do mundo, a fim de que não te deixes vencer pelo pensamento de nenhum mortal.  
9 - Após terem sido todas (as coisas) denominadas luz e noite, e aquilo que está de acordo com a sua força ter sido atribuído como nome e todas as coisas, tudo, concomitantemente, está pleno de luz e de noite invisível, uma e outra em igualdade; pois nada existe que não participe de um e outro.  
10 - Conhecerás a essência do éter e todas as constelações no éter, e a ação consumidora dos puros e límpidos raios do sol, e donde provém; e aprenderás a circulação e a essência da Lua arredondada; conhecerás a circulação e a essência da Lua arredondada; conhecerás também o céu circundante, donde surgiu como a necessidade que o dirige o constrange a manter os limites dos astros. 
11 - (...) como a Terra e o Sol e a Lua e o éter universal e a celeste via-láctea e o Olimpo mais extremo e também como a cálida força das estrelas começaram a existir.


Mestre Bahá'u'lláh - Uma Breve Biografia


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