segunda-feira, 12 de setembro de 2016

A Filosofia Através dos Textos - Nietzsche (1844-1900)

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Nietzsche
(1844-1900)

Vida e Obras

Aos 15 de outubro de 1844, nasce Friedrich-Wilhelm Nietzsche, em Rocken, perto de Leipzig (Alemanha). Seu pai e seus avós pastores protestantes. Teve dois irmãos: Joseph e Elizabeth, a qual muito o ajudou na difusão de suas ideias.  
Quando tinha 5 anos (1849), faleceu seu pai e seu irmão. Sua mãe resolve, então, partir para Naumburg, pequena cidade onde ele cresce e inicia seus estudos, caracterizando-se pela sua calma e docilidade. Funda com seus pequenos colegas uma sociedade literária e artística, onde escreve seus primeiros versos e também melodias. 
Com 13 anos de idade (1857), ingressa, como pensionista, na célebre escola de Pforta, onde estuda Grego e Latim, e onde são mestres Fichte (filho), Schlegel e Rank. A música constitui sua paixão, como testemunha a correspondência mantida com sua irmã. 
Não continua a tradição familiar, nem segue os desejos da mãe, de se tornar pastor. Entra na Universidade de Bonn, interessando-se pela Filosofia e seguindo seu mestre, o filólogo Ritschi de Bonn para Leipzig. 
Por acaso lê O Mundo Como Representação e Como Vontade de Schopenhauer, que o enche de entusiasmo, de forma semelhante a como, na música, o entusiasmava Richard Wagner. Sua tese de filosofia Os Esquemas Fundamentais da representação é rejeitada pela faculdade.  
Quando a Universidade de Basileia (Suíça) procurava um professor de filosofia, Ritchl consegue para Nietzsche o título de doutor, sem defesa de tese, e o recomenda dizendo: "É um gênio". Assim, aos 24 anos de idade (1868), toma posse da cátedra, onde permanece até os 34 anos de idade (1878). 
Em 1870, na guerra contra a França, alista-se como enfermeiro voluntário no exército alemão, pois era suíço por naturalização. Dois anos depois, publica o Nascimento da Tragédia.  
Dos 35 aos 44 anos de idade (1879-1888), escreve e publica a maior parte das suas obras: Pensamentos e Sentenças (1879); O Viajante e Sua Sombra e Aurora (1880); O Eterno Retorno, 1ª parte de O Gay Saber (1883); Assim Falava Zaratustra, livros I-III (1884); Para além do Bem e do Mal, 5º livro de O Gay Saber, e A Genealogia da Moral (1886); etc.. Ecce Homo, Ditirambos Dionisíacos e A Vontade Como Poder só aparecem após sua morte.  
Aos 25 de outubro de 1900, com apenas 46 anos de idade, morre em Weimar, numa casa transformada depois pela sua irmã em museu das obras de Nietzsche. 

Pensamento 
Não é fácil resumir o pensamento filosófico de Nietzsche, que ocorre solto nos espaços livres em que como poeta se exprime.
Nele encontramos inspiração os "valoristas" éticos, o "existencialistas" da angústia, da irracionalidade e do absurdo, e os "super-humanistas" ateus e racistas, entre outros.  
Sua visão filosófica geral poder-se-ia resumir na ideia do "eterno retorno" e sua concepção antropológica na ideia de "super-homem", com as decorrências da negação de Deus e do próprio homem, até as mais chocantes contradições. 
Perspicácia e profundidade caracterizam suas análises do homem e dos seus problemas transcendentais. Junto com isso, porém, há uma dose respeitável de subjetivismo e até de desvario. Não sem fundamento foi definida por alguém como uma "filosofia da loucura".  
Avaliação que seria errado tomar no sentido de negar-lhe qualquer valor ou mesmo de diminuí-lo indiscriminadamente.  

Textos  
O Eterno Retorno 
I. Exposição e fundamentação da doutrina 
1. A quantidade de força que opera no universo é determinada, não "infinita". Acautelemo-nos contra tais excessos minada, não "infinita". Acautelemo-nos contra tais excessos conceituais! Por conseguinte, o número das posições, variações, combinações e desenvolvimentos desta força é, certamente, enorme e praticamente "incalculável", sempre porém determinado e jamais infinito. O tempo, entretanto, no qual esta força se desenvolve é infinito, isto é, esta força é eternamente a mesma e eternamente ativa; até o momento presente, um infinito tem transcorrido, isto é, verificaram-se já todos os possíveis desenvolvimentos dessa força. 
Logo também todos os desenvolvimentos momentâneos devem ser repetições; assim, pois, tanto o que dela nasce, como o que ela produz, sucessivamente, para frente para trás. Tudo já foi infinito número de vezes, no conjunto de todas as forças reproduzindo suas evoluções. 
Ora, deixando isso de lado, é impossível determinar se alguma coisa idêntica tem-se reproduzido. Parece ser que, o conjunto das forças, até nas coisas mínimas produz sempre novas qualidades, de forma que não é possível que existam duas combinações de forças exatamente iguais. 
Poderia haver em um sistema de forças duas coisas iguais, como por exemplo, duas folhas? Duvido: seria necessário supor que tinham uma origem idêntica e, ao mesmo tempo, teríamos de supor que desde toda a eternidade teria existido algo idêntico, apesar de todas as variações do conjunto e da criação de novas qualidades; hipótese inadmissível. (O Eterno Retorno).

Do Super-Homem 
1. Quando estive pela primeira vez entre os homens cometi a loucura do solitário, a grande loucura: atirei-me à praça pública. 
E como falasse para todos, não falava para ninguém. A noite meus companheiros eram os funâmbulos e os cadáveres, sendo eu mesmo quase um cadáver. 
No dia seguinte, porém, uma verdade nova veio ao meu encontro: soube dizer então; Que interessa a praça pública, nem a plebe, nem o barulho da plebe, nem as compridas orelhas da plebe! 
Super-homens, aprendei isto de mim: nos logradouros públicos ninguém acredita em super-homem. Se quiserdes falar nas praças, seja. A plebe, porém, pisca o olho e diz: "Todos somos iguais". 
"Super-homens! - assim pisca olho a plebe - não há super-homens: todos somo iguais, um homem vale quanto outro: perante Deus todos somos iguais."
Perante Deus! mas Deus já morreu. Perante a plebe não queremos ser iguais. Super-homens, fugi da praça pública! 
2. Perante Deus! mas Deus já morreu! Super-homens, esse Deus tem sido vosso maior perigo.  
Não ressuscitastes até que ele baixou para a sepultura. Agora só volta o grande Meio-dia, agora o super-homem é o senhor.  
Compreendestes esta frase, emus irmãos? Atemoriza-os? Vosso coração sofre vertigens? Abre-se aqui o abismo para vós? O cão infernal rosna contra vós? 
Ótimo! Adiante, super-homens! É a hora da montanha do porvir humano dar a luz. Deus morreu: agora queremos "nós" que viva o super-homem. 
3. Os mais matutadores perguntam-se hoje: "Como é que o homem se mantém?" Zaratustra, entretanto, pergunta, de maneira original e única: "Como é que será "superado" o homem?" 
Preocupa-me o super-homem, é para mim uma ideia fixa, e "não" o homem, nem o próximo, nem o pobre, nem o aflito, nem o melhor. (Assim Falou Zaratustra, IV Parte, no meio). 
705. Do valor do devir. Se o movimento do mundo tivesse um alvo, este deveria ser atingido. mas o único fato fundamental é este; tal movimento não tem qualquer alvo, e toda filosofia ou hipótese científica (por exemplo o mecanismo), na qual um alvo torna-se necessário, é repelida por esse fato fundamental. 
Procuro uma concepção do mundo que esteja de acordo com esse fato. O devir deve ser explicado sem recurso a tais alvos finais: o devir deve aparecer como justificado a qualquer momento (ou então deve conclusão); não podemos de maneira nenhuma justificar com um porvir, nem o passado com o presente. 
A "necessidade" não tem o aspecto de uma força avassaladora, dominante, ou de um primeiro motor; ainda menos deve ser entendida como algo capaz de condicionar necessariamente algo de valor. É indispensável negar uma consciência compreensiva do devir, um "Deus", para não colocar tudo sob o ponto de vista de um ser que tem em comum conosco sentimentos e sabedoria, mas que não quer nada com nada: "Deus" é inútil, nada querendo. 
Por outro lado, admitindo Deus admitimos um máximo de desgosto e de ilogismo, que rebaixa o valor compreensivo do "devir"; ...não deve ser aumentado nenhum ser, em geral, pois, isto admitido, o devir perde seu valor, apresentando-se como carecido de sentido e supérfluo. 
Temos de nos perguntar: como pode ter surgido a ilusão de ser? E também: como se desvalorizaram todos os juízos de valor que se apoiam em hipóteses do ser? (A Vontade Como Poder, L. III, no fim).  

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Mestre Bahá'u'lláh - Uma Breve Biografia

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Bahá'u'lláh 

Mirzá Husayn-'Ali, posteriormente conhecido pelo pseudônimo de Bahá'u'lláh, nasceu a 12 de novembro de 1817 em Teerã, capital da Pérsia atual Irã. Filho de um proeminente Ministro do Xá, Bahá'u'lláh descendia de linhagem nobre, sendo membro de uma das mais destacadas famílias de seu país. Desde a mais tenra idade, demonstrou possuir raras e notáveis capacidades. 
A côrte e as vantagens que esta lhe oferecia, no entanto, nunca ocuparam o centro de Suas atenções. Em 1839, com a perda do pai, Bahá'u'lláh recusa o cargo de Ministro, então hereditário.  
A partir de 1844, a vida de Bahá'u'lláh sofre uma mudança profunda. Aliando-se a um líder religioso de nome. Ali Mohamad (O Báb), que se levantara para transformar os destinos do Islã, Bahá'u'lláh torna-se uma das principais forças libertárias de seu país, o ponto focal de um movimento de transformação da sociedade persa do século XIX. 
Em seus escritos, exorta os governos do mundo a observarem a justiça, defende a harmonia essencial entre a religião  e a ciência e coloca-se favorável à causa da emancipação da mulher, obrigada, naquele tempo, a ocultar a face sob um véu. 
Estas idéias, então revolucionárias, acabam provocando ódio e animosidade no clero muçulmano e, em 1850, o Báb é martirizado em praça pública. Nos meses subsequentes, milhares de militantes e simpatizantes do movimento são perseguidos e mortos das formas mais brutais.  
A força e o vigor dos preceitos do Báb e de Bahá'u'lláh, o heroísmo de seus pares e a perseverança de reformas estruturais que o movimento acendera em uma terra obscura já haviam, no entanto, ultrapassado as fronteiras da Pérsia e exercido poderosa atração sobre eminentes personalidades europeias como Ernest Renan, Sarah Bernhardt, Edward Granville Browne, Leon Tolstoi e o Conde de Cobineau, entre outros.  
Em virtude de sua reputação pessoal elevada, Bahá'u'lláh não é condenado à morte; porém, a partir de 1852, sofre um exílio perpétuo com sua família e um grupo de companheiros. Acredita o governo persa que, desta forma, pode anular sua influência e extinguir o ardor provocado por suas idéias. O efeito, no entanto, é o contrário. Deportado sucessivamente para Bagdá, no Iraque, Constantinopla e Adrianópolis, na turquia, e Akká, na atual Israel, Bahá'u'lláh vai conquistando um número cada vez mais maior de amigos e admiradores.  
Durante um longo exílio, que chega a durar quase quarenta anos, Bahá'u'lláh produz mais de uma centena de obras, na forma de epístolas, odes, ensaios, preces e meditações. Datam do período de sua permanência no Iraque, dois de seus principais escritos: As Palavras Ocultas (1858), uma coletânea de conselhos éticos e meditações místicas e O Livro da Certeza (1862), uma exposição abrangente sobre a natureza e propósito da religião. É também, desta mesma época, um ensaio que bem pode ser considerado como sua maior realização no campo da prosa mística: Os Sete Vales (1862), narrativa épica que descreve a jornada da alma na senda espiritual.  
De Adrianópolis e, mais tarde, de 'Akká, última etapa de seu exílio. Bahá'u'lláh dirige-se aos governantes e líderes religiosos do mundo através de uma série de epístolas que se situam entre os documentos mais extraordinários da história da religião. 
Elas proclamam a iminente unificação da humanidade e o surgimento de uma civilização mundial. O majestosos âmbito de seus conselhos e admoestações tem conquistado, desde então, a imaginação e a lealdade de milhões de pessoas de todas as raças e classes, do mundo inteiro. 
Em 1892, finda a vida de Bahá'u'lláh em 'Akká, Israel. Suas reflexões sobre um mundo unido, sem fronteiras, no entanto, já abarcavam o Oriente e o Ocidente. 
O renomado romancista Leon Tolstoi, uma das proeminentes figuras que conheceram sua obra, legaria à posteridade o seguinte testemunho: Passamos nossas vidas nos esforçando por desvendar os mistérios do universo, e é um prisioneiro persa, Bahá'u'lláh, em Akká, na Terra Santa, quem possui a chave... Os ensinamentos de Bahá'u'lláh nos apresentam agora a forma mais elevada e pura do ensinamento religioso

A Filosofia Através dos Textos - Nietzsche (1844-1900)

domingo, 4 de setembro de 2016

Impressionante o fenômenomenal mago Yeddi. Um Yogue Desperto?




Demonstração dos poderes do yoga - Siddhi - resulta da dedicação devocional à prática constante e ininterrupta em os Oito Membros do Caminho da Autotranscendência de Patanjali (anga) do Yoga:



I. Disciplinar-se (Yama) -



II. Autocontrolar-se (Niyama)



III. Postura (asana)



IV. Controle da Respiração (Pranayama)



V. Recolhimento dos Sentidos (Pratyahara)



VI. Concentração (Dharana)



VII. Meditação (Dhyana)



VIII. Êxtase (Samadhi)


No vídeo seguinte um garoto de 15 anos Palden Dorje, nome budista de Ram Bahadur Bomjon, é um jovem budista nepalense que vem recebendo milhares de visitantes e a atenção da mídia por estar meditando durante vários meses!
  

Osho - Kundalini Yoga Retornando às Raízes Parte II continuação

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Osho

Kundalini Yoga Retornando às Raízes 

Parte II continuação

Se você já viu alguma vez uma serpente dormindo, é exatamente como isso. Ela está enrolada; não há movimento de forma alguma. 
Mas uma serpete pode levantar-se perfeitamente sobre a cauda. Levanta-se por sua própria energia. Eis porque a serpente tem sido usada simbolicamente. Sua energia de vida está também enrolada e adormecida. Mas ela pode tornar-se ereta; pode tornar-se desperta, com seu potencial completo atualizado. Então você será transformado. 
Vida e morte são apenas dois estados de energia. Vida significa energia funcionando e morte significa energia não funcionando. Vida significa energia desperta; morte significa energia que foi novamente ao sono. 
Assim, de acordo com kundalini yoga, você está, comumente, apenas parcialmente vivo. A parte da sua energia que se torna atualizada é a sua vida. A parte remanescente está tão adormecida como se não existisse. 
Mas ela pode ser desperta. Há tantos métodos através dos quais kundalini yoga tenta transformar o potencial em atual. Por exemplo: pranayama (controle respiratório) é um dos métodos para martelar a energia adormecida. 
Através da respiração, esse martelar é possível, porque a respiração é a ponte entre a sua energia vital - seu prana, sua fonte original de vitalidade - e a sua existência atual. É a ponte entre o potencial e o atual. 
No momento em que você troca seu processo de respiração, todo seu sistema de energia muda. Quando você está adormecido, sua respiração muda. Quando você está desperto, sua respiração muda. Quando você tem raiva, sua respiração é diferente; quando você está apaixonado, sua respiração é diferente; quando você está em paixão sexual, sua respiração é diferente. Em cada estado de mente uma qualidade particular da força da vida está lá, assim sua respiração muda. 
Quando você está com raiva, você exige mais energia na periferia. Se você está em perigo - se você tem de atacar ou se você tem de se autodefender - mais energia é necessária na periferia. A energia investirá do centro. 
Porque uma grande quantidade de energia é expelida do seu corpo durante o ato sexual, você sente-se exausto depois. E após a raiva também você se sentirá exausto. Mas após um momento amoroso, você não se sentirá exausto. 
Sentir-se-á revigorado. Após a oração sentir-se-á revigorado. Porque o contrário aconteceu? Quando você está num momento amoroso, a energia não é necessária na periferia porque não há perigo. Você está tranquilo, relaxado, assim o fluxo energético é para dentro. Quando a energia flui para o interior, você sente-se renovado. 
Após uma respiração profunda você sentir-se-á refeito, porque a energia está fluindo para dentro. Quando a energia flui para o interior você sente-se vitalizado, preenchido; sente um bem-estar. Outra coisa para notar; quando a energia estiver indo para dentro, sua respiração começará a ter uma qualidade diferente.  
Estará relaxada, rítmica, harmônica. Haverá momento em que você não a sentirá de forma alguma, em que você a sentirá como se houvesse parado. Tornar-se tão sutil! Porque a energia não é solicitada, a respiração para. 
No samadhi, no êxtase, o indivíduo sente que a respiração parou completamente. nenhum fluxo de energia direcionado para fora é necessário, assim a respiração é desnecessária.
Através do pranayama esta energia potencial dentro de você é sistematicamente despertada. Ela pode também ser estimulada através de asanas (posturas de yoga) porque seu corpo está conectado em cada ponto à fonte da energia. Assim, toda postura tem um efeito correspondente na fonte da energia. 
A postura que Buda usava é chamada de padmasan, a postura de lótus. É uma das posturas nas quais a menor quantidade de energia é necessária. Se você se senta ereto, o sentar está tão equilibrado que você se torna um com a terra. Não há força gravitacional. E se suas mãos e pés estiverem em tal posição que um círculo fechado for criado, a eletricidade da vida fluirá no circuíto. A postura de Buda é uma postura circular. A energia torna-se circular não é jogada fora.  
A energia sempre move-se para fora através dos dedos, mãos ou pés. Mas através de um formato circular, a energia não pode fluir para fora. Eis porque as mulheres são mais resistentes à doença do que os homens, e porque elas vivem mais tempo. Quanto mais circular o corpo é, menos energia flui para fora. 
As mulheres não estão tão exaustas após o ato sexual, porque o formato de seu órgão sexual é circular e absorvente. Os homens estarão mais exaustos. Por causa do formato de seu órgão sexual, mais energia é eliminada. Não apenas energia biológica, mas energia psíquica também.  
Todas as saídas da energia se ajuntam em padmasan, assim nenhuma energia pode sair. Ambos os pés estão cruzados, as mãos tocam os pés e os pés tocam o centro sexual. E a postura é tão ereta que não há empuxe gravitacional. 
Nesta postura, o indivíduo pode esquecer o corpo completamente, porque a energia da vida não está fluindo para fora. Os olhos também devem estar cerrados ou semi-cerrados e as pálpebras imóveis, porque os olhos também são uma grande saída de energia. 
Até mesmo nos sonhos você lança para fora muita energia através dos movimentos oculares. Aliás, uma forma de saber se uma apessoa está sonhando ou não, é colocar os dedos nos olhos dela. Se os olhos se movem, ela está sonhando. Desperta-a e você descobrirá que ela estava sonhando. Se as pálpebras não estão se movendo, então ela está em sono profundo, sem sonho, sushupti. Toda a energia está indo para dentro e nada sai. 
Asanas, pranayama - há tantos métodos através dos quais as energias podem ser trabalhadas para fluírem para dentro. Quando elas fluem para dentro tornam-se uma porque no centro não pode haver mais de uma. Quanto mais energia entra, pois, mais harmonia há. Os conflitos caem. No centro não há conflito. Há uma unidade orgânica do todo. Eis porque o deleite é sentido. 
Outra coisa asanas e pranayama são auxílios corporais. São importantes, mas são apenas auxílios físicos. Se sua mente está em conflito, então eles não serão de muita ajuda, porque o corpo e a mente não são realmente duas coisas. Eles são duas partes de uma coisa. Você não é o corpo e mente; você é corpo/mente. Você é psíco/somático ou somato/psíquico. 
Nós falamos do corpo como uma coisa e da mente como outra diferente, mas o corpo e a mente são dois pólos de uma energia. O corpo é grosseiro e a mente é sutil, mas a energia é a mesma.  
O indivíduo tem de trabalhar de ambas as polaridades. para o corpo há hatha yoga: asanas, pranayama, etecetera; e para a mente há raja yoga e outras yogas que estão basicamente relacionadas às suas atitudes mentais. 
O corpo e a mente são uma energia. por exemplo, se você´puder controlar a respiração quando tiver raiva, a raiva desaparecerá. Se você puder continuar a respirar ritmicamente, a raiva não conseguirá sobrepujá-lo. da mesma forma, se você continuar a respirar ritmicamente, a paixão sexual não poderá dominá-lo. estará ali, mas não se manifestará. 
Ninguém saberá que ali. Nem mesmo você será capaz de sabe-lo. Assim, o sexo pode ser reprimido; a raiva pode ser reprimida. Através da respiração rítmica você pode reprimi-los tanto, que nem mesmo você próprio estará consciente disto. mas a raiva ou sexo ainda estará ali. O corpo reprimiu, mas ele permanece dentro, intocado. 
O indivíduo tem de trabalhar com o corpo e com a mente. o corpo deveria ser treinado através da metodologia yóquica e a mente através da consciência. Você necessitará de mais consciência se praticar yoga, porque as coisas se tornarão mais sutis. Se você tem raiva, você pode normalmente tornar-se consciente dela, porque ela é tão grosseira. mas se você praticar pranayama, você necessitará mais consciência, mais sensibilidade aguda para estar consciente da raiva, porque agora a raiva se tornará mais sutil. 
O corpo não está cooperando com ela, assim não haverá, em absoluto, expressão física dela. Se as pessoas praticarem técnicas de consciência e simultaneamente praticarem métodos yóquicos, conhecerão domínios mais profundos de consciência. Caso contrário, estarão conscientes apenas do grosseiro. Se você mudar o grosseiro mas não mudar o sutil, você estará num dilema. Agora o conflito afirma-se-á de uma nova maneira.
          Continua...

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Osho - Kundalini Yoga Retornando às Raízes Parte I

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Osho
Kundalini Yoga 

Retornando às Raízes
Parte 1 


O que é kundalini yoga e como pode ajudar ao Ocidente? Por quê o seu método para despertar a kundalini é caótico, ao inverso dos métodos tradicionais, controlados? 
A existência é energia, o movimento da energia em tantas maneiras e de tantas formas. No que se refere à existência humana no corpo humano e na psique humana. 
A energia pode existir manifestada ou imanifestada. Pode permanecer na semente ou pode surgir em uma forma manifestada. Toda energia ou está na semente ou na forma manifestada. Kundalini significa seu potencial total, sua total possibilidade. Mas é uma semente; é potencial. os meios para despertar a kundalini são meios para converter o seu potencial em atual.
Assim, primeiro de tudo, kundalini não é uma coisa singular. É apenas a energia humana como tal. Mas comumente apenas uma parte dela está funcionando, somente uma parte muito diminuta. E mesmo esta parte não funciona harmonicamente, está em conflito. Isto é a miséria, a angústia. Se sua energia pode funcionar harmonicamente, então você sente prazer, mas se está em conflito - se é antagônica a si mesma - então você se sente miserável. E toda a miséria significa que sua energia está em conflito e toda felicidade, todo deleite, significa que sua energia está em harmonia. 
Por que a energia total é apenas potencial e não atual? Porque não é necessária no que se refere ao dia-a-dia da vida; não é exigida. Apenas aquela parte que é exigida torna-se funcional, de uma parte diminuta torna-se manifesta. E mesmo esta parte manifestada não é harmônica, porque a sua vida do dia-a-dia não é integrada.
Suas necessidades estão em conflito. 
A sociedade exige uma coisa e seus instintos exigem outra coisa bastante contraditória. As exigências sociais e as exigências pessoais estão em conflito. A sociedade tem suas exigências; a moralidade e a religião tem suas exigências. Esses conflitos impediram o homem de se tornar um todo harmonioso. Tornaram o homem fragmentado.  
De manhã é exigida uma coisa; à tarde outra coisa é exigida. Sua esposa exige algo de você sua mãe exige outra coisa contrária. Então a vida do dia-a-dia torna-se uma demanda conflitante em você e a diminuta parte da sua energia total, a que se torna manifesta, entra em conflito com ela mesma. 
Existe também outro conflito. A parte que se tornou manifestada estará sempre em conflito com a parte que ainda não se manifestou; a atual estará em conflito com a potencial. A potencial empurrará a si mesma para ser manifestada e a atual a reprimirá.
Para usar termos psicológicos, o inconsciente está sempre em conflito com o consciente. 
O consciente tentará dominá-lo, por que está sempre em perigo do inconsciente manifestar-se a si mesmo. O consciente está sob controle e o potencial, o inconsciente não está. Você pode manipular o consciente mas com uma explosão do inconsciente você estará na insegurança. Você não será capaz de manejá-la. Este é o medo do consciente. 
Assim, este é outro conflito maior e mais profundo do que o primeiro: o conflito entre o consciente e o inconsciente, entre a energia que se tornou manifestada e a energia que quer se manifestar.
Estes dois conflitos são o porque de você não estar em harmonia. E se você não estiver em harmonia, sua energia se tornará antagônica a você. A energia precisa de movimento e o movimento é sempre do imanifestado em direção ao manifesto, da semente em direção à árvore, da escuridão em direção à luz.  
Este movimento só é possível se não houver repressão.  Do contrário, o movimento, a harmonia, é destruída e sua energia se torna uma inimiga de você mesmo. Você torna-se uma casa dividida, contra si mesmo. Você torna-se uma multidão. Então você não é um. Você é muitos.
Esta é a situação que existe no que se refere aos seres humanos. Mas não deveria ser assim. 
Eis porque existem feiuras e misérias. O prazer e a beleza podem surgir somente quando sua energia de vida está em movimento, em fácil movimento, em movimento relaxado - não reprimido, desinibido; integrado, não fragmentado; não em conflito consigo mesmo, mas uma e orgânica. Quando sua energia chega à esta unidade harmônica, isto é o que significa kundalini. 
Kundalini é apenas um termo técnico para sua energia total, quando ela está em unidade, em movimento, em harmonia, sem nenhum conflito; quando é cooperativa, complementar e orgânica. Então e ali, há transformação singular e desconhecida.  
Quando as energias estão em conflito, você quer aliviá-las. Você sente-se tranquilo somente quando suas energias conflitantes são liberadas, jogadas fora. Mas quando quer que você as joga fora. O movimento para baixo é movimento para fora e o movimento para cima é movimento para o interior. 
Quanto mais suas energias sobem, mais elas penetram; quanto mais descem, mais elas movem-se para fora. Se você jogar fora suas energias conflitantes, você sentirá alívio, mas isto é o mesmo que jogar fora sua vida em pedaços, em fragmentos, em frações. É suicídio. A não ser que nossa energia de vida se torne uma e harmônica, que o fluxo se converta em direção ao interior, nós seremos suicidas. 
Quando você está jogando fora sua energia você sente alívio, mas o alívio está fadado a ser momentâneo, porque você é uma constante fonte de energia. A energia acumular-se-á de novo e você terá que se aliviar dela outra vez. O que é conhecido como prazer, é apenas um jogar fora de energias conflitivas. 
Prazer significa que você se alivia de uma fardo. É sempre negativo. Nunca positivo. Mas o deleite é positivo. Ele surge somente quando suas energias são preenchidas.
Assim, a energia pode ter duas possibilidades. A primeira é apenas o alívio, um jogar fora de energias que se tornaram um fardo para você, as quais você não poderia utilizar e com as quais você não poderia ser criativo. Este estado de mente é anti-kundalini.  
Quando suas energias não são jogadas fora, você tem um florescimento interior; quando você torna-se um com elas, então há um movimento para o interior. Este movimento é infinito. Ele torna-se mais e mais profundo e quanto mais profundo, mais deleituoso se torna, mais extasiante. 
O estado ordinário dos seres humanos é anti-kundalini. A energia move-se do centro para a periferia, porque esta é a direção para o qual você esta se movendo. Kundalini significa justamente o oposto. Forças, energias, movem-se da periferia ao centro.  
O movimento ao interior, o movimento orientado ao centro, é deleituoso, enquanto o movimento para fora produz ambas: felicidade e miséria. Haverá felicidade momentânea e permanente miséria. A felicidade virá apenas em intervalos. Somente quando você tem esperanças, quando você tem expectativas, o vazio está lá. O resultado efetivo é sempre miséria.  
A felicidade está na expectativa, nos sonhos, nos desejos, na esperança. É apenas o alívio de seu fardo; a felicidade é totalmente negativa. Não há felicidade como tal, apenas ausência momentânea de miséria. Esta ausência é tomada por felicidade.
Você está constantemente criando novas energias. eis o que é significado por vida; a habilidade de continuar criando a força da vida. No momento em que a capacidade se vai, você morre. Isto é um paradoxo: você continua criando energia e você não sabe o que fazer com ela. Quando é criada você a joga fora e quando não é criada você se sente miserável, doente.  
No momento em que a força da vida não é criada, você adoece, mas quando é criada você adoece de novo. A primeira doença é aquela da fraqueza e a segunda doença é aquela da energia que se tornou um fardo para você. Você não é capaz de torná-la harmônica, de faze-la criativa, de faze-la prazeiroza. Você a criou e agora não sabe o que fazer com ela, assim você apenas a joga fora. Então você cria denovo mais energia. Isto é um absurdo, mas este absurdo é o que comumente entendemos por existência humana; criação constante de energia, que constantemente se torna pesada e da qual você constantemente quer se aliviar.  
Eis porque o sexo se tornou tão importante, tão significativo - porque é um dos maiores meios de nos aliviar da energia. Se a sociedade se torna opulenta, abundante, você tem mais fontes através das quais a energia pode ser criada. Então você se torna mais sexual, porque você tem mais tensões para aliviar. 
Há um constante criar e jogar fora de energias. Se alguém é suficientemente inteligente, suficientemente sensível, então ele sentirá o absurdo disso, a completa falta de significado disso. Então o indivíduo sentirá a falta de propósito da vida. Então você é apenas um instrumento de criar e desperdiçar energias? Qual é o sentido disto? Qual a necessidade de existir, afinal? Simplesmente ser um instrumento no qual a energia é criada e lançada fora. 
Quanto mais sensível é a pessoa, mais ela sente a falta de significado da vida tal como a conhecemos.
Kundalini significa a mudança desta situação absurda em direção a uma que tenha significado. A ciência da kundalini é uma das mais sutis. As ciências físicas estão preocupadas também com as energias, mas com as energias materiais, não a psíquica. O yoga está preocupado também com a energia psíquica. É uma ciência do metafísico, daquilo que é transcendental.  
Assim como a energia material, com a qual a ciência está preocupada, está energia psíquica pode ser criativa ou destrutiva. Se não é usada, torna-se destrutiva; se é usada pode se tornar criativa. Mas pode ser usada não criativamente. A maneira de torná-la criativa é primeiro entender que você não deveria realizar apenas parte do seu potencial. Se uma parte está realizada e a remanescente, a maior parte do seu potencial, está irrealizada, é uma situação que não pode ser criativa. 
O todo deve ser realizado; todo o seu potencial deve ser atualizado. Há métodos para realizar o potencial, para fazê-lo atual, para fazê-lo desperto. Ele está dormindo, exatamente como uma cobra. Eis porque tem sido denominado de kundalini; o poder da serpente, uma serpente adormecida. 
          Continua...

Osho - Kundalini Yoga Retornando às Raízes Parte II continuação

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

A Filosofia Através dos Textos - Parmênides - (Aprox. 470 A.C.)

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Parmênides - (Aprox. 470 A.C.)



Vida e Obras 
Nasceu Parmênides na cidade de Eléia, na colônia grega chamada Magna Grécia (hoje sul da Itália), em data incerta. Entre 500 e 470 A.C. É colocado, aproximadamente, o apogeu da sua vida.
É tido como discípulo de Xenófanes, o mais antigo dos eleatas. Entretanto, considera-se Parmênides como o verdadeiro fundador da Escola Eleática.
Foi, sem dúvida, influenciado pelos pitagóricos.
Platão o venera como "o grande".
Foi o primeiro a defender por escrito a descoberta da forma esférica da Terra.
Do seu poema Sobre a Natureza, subsistem bastantes fragmentos. Nele se oferece a doutrina mais profunda de todo o pensamento pré-socrático.
Foram seus discípulos mais famosos Zenão de Eléia e Meliso de Samos. 

Pensamento  
Para Parmênides, o ser existe e o não-ser não existe. O ser tem de ser sempre, e não pode ter começo. O ser é uno e imutável. Negação de devir e de todo movimento real.
Tudo o que dizemos das coisas são nomes e opiniões.
O ser é mesmo que o conhecer.
Em tudo isso opõe-se a Heráclito, cujo pensamento cita, mantendo no entanto o dualismo do entendimento e dos sentidos.
Sua concepção metafísica centraliza-se na unidade rígida do ser. Incide assim no panteísmo.
Sua doutrina, recolhida nos fragmentos, não é de fácil interpretação. Originou, na sua época, vivas polemicas. 

Textos 
2 - E agora vou falar; e tu, escuta as minhas palavras e guarda-as bem, pois vou dizer-te dois únicos caminhos de investigação concebíveis. O primeiro (diz) que (o ser) é e o não-ser não é; este é o caminho da convicção, pois conduz à verdade. O segundo, que não é, é, e que não-ser é necessário; esta via, digo-te, é imperscrutável; pois não podes conhecer aquilo que não é - isto é impossível -, nem expressá-lo em palavra. 
3 - Pois pensar e ser é o mesmo. 
4 - Contempla como, pelo espírito, o ausente, com certeza, se torna presente; pois ele não separará o ser de sua conexão ao ser, nem para desmembrar-se em uma dispersão universal e total segundo a sua ordem, nem para reunir-se. 
5 - Necessário é dizer e pensar que só o ser é; pois o ser é e o nada, ao contrário, nada é; afirmação que bem deves considerar. Desta via de investigação, eu te afasto; mas também daquela outra, na qual vagueiam os mortais que nada sabem, cabeças duplas. Pois é a ausência de meios que move, em seu peito, o seu espírito errante. Deixam-se levar, surdos e cegos, mentes obtusas, massa indecisa, para o qual o ser e o não-ser é considerado o mesmo e não o mesmo, e para a qual em tudo há uma via contraditória. 
7 - Jamais se conseguirá provar que o não-ser é; afasta, portanto, o teu pensamento desta via de investigação, e nem te deixes arrastar a ela pela múltipla experiência do hábito, nem governar pelo olho sem visão, pelo ouvido ensurdecedor ou pela língua; mas com a razão decide da muito controvertida tese, que te revelou minha palavra.  
8 - Resta-nos assim um único caminho: o ser é. Neste caminho há um grande número de indícios: não sendo gerado, é também imperecível; possui, com efeito, uma estrutura inteira, inabalável e sem meta; jamais foi nem será, pois é, no instante presente, todo inteiro, uno, contínuo. Que geração se lhe poderia encontrar? Como, donde cresceria? Não te permitirei dizer nem pensar o seu crescer do não-ser. Se viesse do nada, qual necessidade teria provocado seu surgimento mais cedo ou mais tarde?
Assim pois é necessário ser absolutamente ou não ser. E jamais a força da convicção concederá que do não-ser possa surgir outra coisa. Por isto, a deusa da justiça não admite, por um afrouxamento de suas cadeias, que nasça, ou que pereça, mas mantem-no firme.  A decisão sobre este ponto recai sobre a seguinte afirmativa: ou é ou não é. Decidida esta, portanto, a necessidade de abandonar o primeiro caminho, impensável e inominável (não é o caminho da verdade); o outro, ao contrário, é presença e verdade. Como poderia perecer o que é? Como poderia ser gerado? pois se gerado, não é, e também não é, se devera existir algum dia. Assim, o gerar se apaga e o perecimento se esquece.  
Também não é divisível, pois é completamente idêntico. E não poderia ser acrescido, o que impediria a sua coesão, nem diminuído; muito mais é pleno de ser; por isto, é todo contínuo, porque o ser é contíguo ao ser.
Por outro lado, imóvel nos limites dos seus poderosos liames, é sem começo e sem fim; pois geração e destruição foram afastadas para longe, repudiadas pela verdadeira convicção. Permanecendo idêntico e em um mesmo estado, descansa em si próprio, sempre imutavelmente fixo e no mesmo lugar; pois a poderosa necessidade o mantém nos liames de seus limites, que o cercam por todos os lados, porque o ser deve ter um limite; com efeito, nada lhe falta; fosse sem limite, faltar-lhe-ia tudo.
O mesmo é pensar e o pensamento de que o ser é, pois jamais encontrarás o pensamento sem o ser, no qual é expressado. nada é e nada poderá ser fora do ser, pois Moira o encadeou de tal modo que seja completo e imóvel. Em consequência, será (apenas) nome tudo o que os mortais designaram, persuadidos de que fosse verdade: geração e morte, ser e não-ser, mudança de lugar e modificações do brilho das cores.
Porque dotado de um limite, é completo em todos os lados, comparável à massa de uma esfera bem redonda, equilibrada desde seu centro em todas as direções; não poderia ser maior ou menor aqui ou ali. Pois nada poderia impedi-lo de ser homogêneo, nem aquilo que é não é tal que possa ter aqui mais ser do que lá, porque é completamente íntegro; igual a si mesmo em todas as suas partes, encontra-se de maneira idêntica em seus limites.
Com isso ponho fim ao discurso digno de fé que te dirijo e às minhas reflexões sobre a verdade; e a partir deste ponto aprende a conhecer as opiniões dos mortais, escutando a ordem enganadora de minhas palavras.
Eles convieram em nomear duas formas, uma das quais não deveria se-lo - neste ponto enganaram-se; separaram, opondo-as, as formas, atribuindo-lhes sinais que as divorciam umas das outras; de um lado, o fogo etéreo da chama,suave e muito leve, idêntico a si mesmo em todas as partes, mas não idêntico ao outro; e de outro lado, esta outra que tomaram em si mesma, a noite obscura, pesada e espessa estrutura. Participo-te toda esta ordem aparente do mundo, a fim de que não te deixes vencer pelo pensamento de nenhum mortal.  
9 - Após terem sido todas (as coisas) denominadas luz e noite, e aquilo que está de acordo com a sua força ter sido atribuído como nome e todas as coisas, tudo, concomitantemente, está pleno de luz e de noite invisível, uma e outra em igualdade; pois nada existe que não participe de um e outro.  
10 - Conhecerás a essência do éter e todas as constelações no éter, e a ação consumidora dos puros e límpidos raios do sol, e donde provém; e aprenderás a circulação e a essência da Lua arredondada; conhecerás a circulação e a essência da Lua arredondada; conhecerás também o céu circundante, donde surgiu como a necessidade que o dirige o constrange a manter os limites dos astros. 
11 - (...) como a Terra e o Sol e a Lua e o éter universal e a celeste via-láctea e o Olimpo mais extremo e também como a cálida força das estrelas começaram a existir.


Mestre Bahá'u'lláh - Uma Breve Biografia


quarta-feira, 31 de agosto de 2016

A Filosofia Através dos Textos - Heráclito (Aprox. 540 - 476 A.C.)

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Heráclito (Aprox. 540 - 476 A.C.)



Vida e Obra

Desconhecem-me realmente as datas certas do nascimento e da morte de Heráclito. Viveu entre Xenófanes e Parmênides, opondo-se ao pensamento do Primeiro e sendo contrariado no seu pensamento pelo segundo.
Pertencia à aristocracia de Éfeso, cidade da Jônia, colônia grega da Ásia Menor (hoje Turquia). Por convicção, ou por partidarismo ou posição social, combateu a democracia.
Temperamento, ao que parece, solitário, austero e desdenhoso, era tido como pessoa orgulhosa.
Seu estilo como escritor mereceu-lhe o apelido de "o Obscuro", Sua obra Da Natureza, onde expôs seu sistema filosófico, é de leitura difícil, tornada mais inteligível pelos modernos editores dos numerosos fragmentos que dela se conservaram.


Pensamento

Pergunta-se qual é o princípio último das coisas e responde que: o fogo. O fogo que é a matéria viva, instável, em constante devir. Ao mesmo fogo ele chama de razão (logos) e de fado.
Apresenta-nos uma doutrina do eterno retorno. A luta causa as coisas todas. Tudo evolui até um conflito geral e então tudo começa de novo.
Através de Crátilo, mestre de Platão, exercerá Heráclito certa influência sobre este.
Seu ponto de partida encontrá-lo-emos nos milésimos (Tales, Anaximandro e Anaxímenes) que apresentou o problema do movimento e tentam as primeiras soluções.


Textos

1 - Este Logos, os homens, antes ou depois de o haverem ouvido, jamais o compreendem. Ainda que tudo aconteça conforme este Logos, parecem não ter experiência experimentando em tais palavras e obras, como eu as exponho, distinguindo e explicando a natureza de cada coisa. os outros homens ignoram o que fazem em estado de vigília, assim como esquecem o que fazem durante o sono. 
2 - Por isso, o comum deve ser seguido. mas, a despeito de o Logos ser comum a todos, o vulgo vive como se cada um tivesse um entendimento particular. 
6 - (O Sol é) novo todos os dias. 
8 - Tudo se faz por contraste; da luta dos contrários nasce a mais bela harmonia. 
10 - Correlações: completo e incompleto, concorde e discorde, harmonia e desarmonia, em todas as coisas, um, e de um, todas as coisas. 
12 - Para os que entram nos mesmos rios, correm outras e novas águas. Mas também almas são exaladas do úmido. 
21 - Morto é tudo o que nós vemos acordados; sonho, tudo o que vemos dormindo. 
27 - O que guarda os homens após a morte, não é nem o que esperam nem o  que imaginam. 
30 - Este mundo, igual para todos, nenhum dos deuses e nenhum dos homens o fez; sempre foi, é e será um fogo eternamente vivo, acendendo-se e apagando-se conforme a medida. 
31 - As transformações do fogo: primeiro o mar; e a metade do mar é terra, a outra metade um vento quente. A terra diluí-se em mar, e esta recebe a sua medida segundo a mesma lei tal como era antes de se tornar terra. 
32 - O Uno, o único sábio, recusa e aceita ser chamado pelo nome de Zeus. 
36 - Para as almas, morrer é transformar-se em água; para a água, morrer é transformar-se em terra. Da terra, contudo, forma-se a água, e da água a alma. 
40 - A polimatia não instrui a inteligência. Não fosse assim, teria instruído Hesíodo e Pitágoras, Xenófanes e Hecateu. 
43 - Mesmo percorrendo todos os caminhos, jamais encontrará os limites da alma, tão profundo é o seu Logos.  
49a - Descemos e não descemos nos mesmos rios; somos e não somos. 
52 - O tempo é uma criança que brinca, movendo as pedras do jogo para lá e para cá; governo de criança. 
54 - A harmonia invisível é mais forte que a visível. 
56 - Os homens se enganam no conhecimento das coisas visíveis, como Homero, o mais sábio dos helenos. Pois também àquele enganavam os jovens, quando catavam piolhos e diziam: tudo o que vimos e pegamos, nós abandonamos; tudo o que não vimos nem pegamos, levamos conosco. 
57 - A maioria tem por mestre Hesíodo. Estão convictos ser o que mais sabe - ele, que nem sabia distinguir o dia da noite. Pois é uma mesma coisa. 
64 - O relâmpago governa o universo. 
65 - (Fogo:) carência e abundância. 
67 - Deus é dia e noite, inverno e verão, guerra e paz, abundância e fome. Mas toma formas variadas, assim como o fogo, quando misturado com essências, toma o nome segundo o perfume de cada uma delas.  
76 - O fogo vive a morte da terra e o ar vive a morte do fogo; a água vive a morte do ar e a terra da água. 
81 - Pitágoras ancestral dos charlatães. 
82 - O mais belo símio é feio comparado com o homem.  
83 - O mais sábio dos homens, comparado a Deus, perecer-se-á a um símio, em sabedoria, beleza e todo o resto. 
84a - Movendo-se, descansa (o fogo etéreo do corpo humano). 
88 - Em nós, manifesta-se sempre uma e a mesma coisa: vida e morte, vigília e sono, juventude e velhice. Pois a mudança de um dá o outro e reciprocamente. 
90 - O fogo se transforma em todas as coisas e todas as coisas se transformam em fogo, assim como se trocam as mercadorias por ouro e ouro por mercadorias. 
91 - Não se pode entrar duas vezes no mesmo rio. Dispersa-se e reúne-se; avança e se retira.  
121 - Os efésios deveriam todos enforcar-se, e suas crianças deveriam abandonar a cidade, pois expulsaram a Hermodoro, o mais valoroso dentre eles, dizendo: "Ninguém dentre nós deve ser o mais valoroso; senão (que viva) em outro lugar e com outros."



A Filosofia Através dos Textos - Parmênides - (Aprox. 470 A.C.)


         

A Filosofia Através dos Textos - Marco Aurélio - (121 - 180)

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Marco Aurélio - (121 - 180)


Vida e Obras

Aos 26 de abril de 121, nasceu Anio Vero em Roma. tendo sido adotado por Antonino Pio, de acordo com Adriano (era parente de ambos), passou a chamar-se Marco Aurélio Antonino Vero. Foi educado em Roma e favorecido dos Imperadores reinantes. 
Dos 17 aos 40 anos de idade (138 - 161) viveu no palácio imperial como pressuposto herdeiro. Dedicou-se ao estudo da Retórica e tomou grande afeição pela filosofia estóica, cujo estudo nunca mais abandonou. Casou com Faustina, filha de Antonino Pio, o qual, no momento da morte, designou-o seu sucessor (161). 
Logo depois, nomeou Lúcio Vero como "augusto" associando-o ap governo, até a morte de Lúcio ocorrida em 169. Desde então, até 177, governou só. Em 177, com 59 anos de idade, associou ao governo sei filho Cômodo. 
Durante seu reinado, inundações, incêndios e terremotos afligiram o Império. Teve de enfrentar também invasões de bárbaros. 
O que se sabe a respeito do seu caráter qualifica-o de humanitário e generoso.
Suas obras não foram destinadas ao público; são intimas. A correspondência com seu mestre Frontão, escrita em latim, foi descoberta por A. Mai e publicada em Roma no ano de 1823.  
Nas "Máximas a Si Mesmo", conhecidas como Pensamentos, empregou o grego. São fragmentos de uma espécie de diário espiritual, composto nos últimos anos de sua vida, durante a campanha contra os Marcomanos.  
Morreu aos 17 de março de 180, com 68 anos de idade.  

Pensamento  
Estoico por educação, fez do estoicismo como que sua religião. Foi grande admirador de Epiteto. Nas interessam a Marco Aurélio, como também aos outros estoicos romanos, as questões lógicas e metafísicas da stoa grega. Não toca nestes problemas.
São os temas relacionados com a moral, a conduta humana, os que ele aborda com exclusividade.
Sêneca procurou orientar as consciências dos outros e orientar os atributos. Epiteto trabalha para conseguir adeptos do estoicismo  integral. Marco Aurélio exorta-se a si próprio; não quer fazer homens bons, mas ser homem bom.
Filósofo e imperador, defronta problemas éticos de que muitos não têm qualquer vivência. A Filosofia torna-se para ele remanso e luz; é mãe e mestra; descanso e orientação.
É humanista e tolerante. Aceita, como bom estoico, o que de bom e de mau a vida lhe oferece, propondo-se a superar as oscilações do quotidiano e a viver cada instante como se fosse o último.


Textos


Da Reflexão e da Tolerância
Para descansar, procuram-se agradáveis recantos no campo, à beira-mar, nas montanhas. Também tu tens constantemente este desejo no fundo do coração. Mas isto é um devaneio dos mais comuns: experimenta a te recolheres a toda hora dentro de ti mesmo. Em nenhuma parte poderás encontrar um retiro mais doce, mais tranquilo do que na intimidade da tua alma, mormente se possuíres em ti mesmo aqueles dons preciosos que não se podem considerar sem usufruir imediatamente uma perfeita serenidade, e por serenidade entendo a tranquilidade de uma alma onde tudo está em ordem e no seu lugar. desfruta, pois, constantemente dessa solidão e nela encontrarás novas forças. Também nela encontrarás máximas de conduta breves e fundamentais, que te ajudem a dissipar tuas inquietações e te predisponham a suportar, sem revolta, tudo aquilo que te acontecer.
Por que te revoltas, de fato? Pela maldade dos homens? Pois bem, inicialmente lembra-se de que todos os seres racionais foram feitos para se suportarem uns aos outros, que esta paciência faz parte da justiça, que eles não fazem o mal porque queiram fazer o mal; lembra-te, também, de quantos homens que tiveram inimizades, desconfianças, ódios, brigas, e hoje estão mortos, reduzidos a cinzas, e deixa de te atormentares.
Pode acontecer que tu estejas descontente com a parcela que te coube na distribuição dos destinos; pois bem, sonha ainda uma vez que, na alternativa do mundo ser obra de uma Providência, ou uma reunião casual de átomos, prova-se claramente que é uma verdadeira moradia.
És importunado por sensações do corpo? sonha que nosso entendimento não se subjuga às impressões doces ou rudes que a alma sensitiva experimenta, uma vez que ele se fecha em si mesmo e lá reconhece suas próprias forças. De resto, lembra-te ainda de tudo o que te foi ensinado sobre o prazer e a dor, doutrina que mereceu o teu consentimento.


Das Ações Supérfluas

"Se queres viver tranquilo - foi dito - despreza os acontecimentos". Não seria melhor dizer, faz aquilo que é necessário, aquilo que a razão de um ser naturalmente social exige, e da maneira que o exige? Eis o meio mais seguro para desfrutar a tranquilidade, não só a que se procura no cumprimento das boas obras, mas também aquela que se encontra aos desprezar os acontecimentos. Com efeito, a maior parte das nossas palavras e das nossas ações não são necessárias. Suprimindo-as teremos mais tempo para o descanso e manos confusão. É necessário repetir-se a toda hora: "Não é isto algo desnecessário?" E devem ser impedidas as ações, e até os pensamentos, desnecessários; pois desta forma eles não serão ocasião de ações supérfluas.



A Morte é um dos Acontecimentos da Vida
Quando cumpres teu dever, não perguntes se tens frio ou calor, se tens necessidade de dormir ou não, se és repreendido ou aplaudido, se vais morrer ou correr algum perigo. O fato de morrer é um dos acontecimentos da vida, e na morte, como em tudo mais, o essencial é fazer bem aquilo que se faz no momento presente.

A Filosofia é Uma Mãe 
Se tu tens uma madrasta e com ela tua mãe, poderás testemunhar à primeira o teu respeito, irás porém constantemente ao encontro de tua mãe. Isto exemplifica o que é para ti a corte e a filosofia: procura amiúde esta última e descansa nos seus braços, que ela far-te-á suportável a corte, e te faz suportável à corte.

Amor aos Homens 
Dobra-te aos acontecimentos que a sorte te destinar e, sejam quais forem os homens com quem é chamado a viver ama-os de verdade.

Da Beleza do Mundo 
Todas as coisas, entrelaçadas umas às outras, formam uma corrente divina; não há qualquer coisa que seja independente de uma outra. todas são subordinadas e seu encadeamento constitui a beleza do mesmo mundo. Pois existe um único mundo que abraça tudo, um único Deus que está em toda parte, uma única matéria elementar, uma única lei que é a rezão comum de todos os seres inteligentes e uma única verdade, da mesma forma que há um único estado de perfeição para as criaturas do mesmo gênero e para os seres que participam da mesma razão.

Da Sociedade Humana
A relação de união que existe entre os membros de um mesmo e único corpo, existe também entre os seres racionais, por mais distantes que estejam uns dos outros, pois eles foram organizados para cooperarem na mesma obra. Compenetra-te do alcance deste pensamento, repetindo-te constantemente: "sou um membro do corpo formado pelos seres racionais". Se porém disseres, simplesmente, que fazes parte da sociedade humana, isto significa que não amas ainda, do fundo do coração, todos os homens; e que experimentas ainda uma verdadeira alegria ao fazer-lhes bem; e que fazes isto ainda por pura benevolência; e que não consideras ainda cada um deles como se fosses tu mesmo."   


A Filosofia Através dos Textos - Heráclito (Aprox. 540 - 476 A.C.)